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MIM

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Sobre Mim

Jorge Luis Borges, no prefácio d’Os Conjurados, disse:

“A ninguém pode maravilhar que o primeiro dos elementos, o fogo, não predomine no livro de um homem de oitenta e tantos anos. Uma rainha, na hora de sua morte, diz que é fogo e ar; eu chego a sentir que sou terra, cansada terra. Sigo, sem dúvida, escrevendo. Que outra sorte me resta, que outra bela sorte me resta?” (BORGES, Jorge Luis. Ed. Três. 1985. p. 9)

Às vezes precisamos de terra, ainda que sem abandonar o fogo: ter onde lançar as bases daquilo que se pensa, o mundo que se vê (e aquele que nem todos vêem).

Por mais de uma década, do final do século passado ao início do novo, mantive uma página de literatura (Carus Ara), abandonada pelas contingências da alma. Uma década depois, retorno à ideia de ter um lugar no qual possa dividir livremente minhas ideias, e, quem sabe, receber a de outros.

É oportuno que se chame Memento Mori, uma lembrança da necessidade da vida em meio à morte.

Memento mori”, lembre-se da morte, a expressão latina dita por um escravo no ouvido do general romano que voltava vitorioso para casa tinha por objetivo refrear sua hubrys.

Embora mais relacionada ao Ocidente e, especialmente, ao cristianismo, possui seus equivalentes em várias culturas pelo globo. A lembrança de que somos mortais pode ser um peso absurdo ou uma grande libertação.

Em uma sociedade hedonista e imediatista, a morte é um tabu sobre o qual não se fala. Mas a passagem do tempo é também a oportunidade de depurar seus interesses e ficar apenas com o que realmente importa, como Borges nos declina na abertura dessa apresentação.

A ideia é essa, não celebrar a vaidade, os excessos de um “carpe diem” inconsequente, mas, lembrando de nossa mortalidade, louvar a vida e buscar formas de torná-la melhor,inclusive para os que virão depois.

Talvez caiba lembrar dos estóicos no que toca ao desapego da transitoriedade da vida, e, dentre eles, Sêneca, cujos textos, como “Sobre a brevidade da vida”, nos levam à reflexão sobre as prioridades da existência.

Disse o filósofo:

5. Repasse este pensamento todos os dias, para que você possa sair da vida contente; pois muitos homens se apegam e agarraram-se à vida, assim como aqueles que são levados por uma correnteza e se apegam e agarram-se a pedras afiadas. A maioria dos homens minguam e fluem em miséria entre o medo da morte e as dificuldades da vida; eles não estão dispostos a viver, e ainda não sabem como morrer.
6. Por esta razão, torne a vida como um todo agradável para si mesmo, banindo todas as preocupações com ela. Nenhuma coisa boa torna seu possuidor feliz, a menos que sua mente esteja harmonizada com a possibilidade da perda; nada, contudo, se perde com menos desconforto do que aquilo que, quando perdido, não se dá falta. Portanto, encoraje e endureça seu espírito contra os percalços que afligem até os mais poderosos. (Carta IV, Sobre os terrores da morte)

É dessa forma que apresento esse site, é esse seu objetivo. Ainda que seja uma “vox clamantis in deserto”, é minha voz e o meu deserto.

Edu Perez é juiz de Direito, com formação filosófica e interesse (e prática) em várias áreas das artes e do conhecimento. Palestrante, articulista e reclamador profissional.