A HUMANIDADE NÃO PRESTA
Com a pandemia e o recolhimento, fazendo com que a Natureza volte a um estado menos perturbado em razão da ausência humana, virou moda dizer que o vírus é o homem. Faz sentido?
Se você nunca disse isso, com certeza já ouviu alguém dizer.
Com a pandemia e o recolhimento, fazendo com que a Natureza volte a um estado menos perturbado em razão da ausência humana, virou moda dizer que o vírus é o homem.
Faz sentido?
Constituímos talvez a única espécie capaz de admirar a Criação. Somos sujeitos e podemos ver o mundo para além de nossas necessidades básicas de alimento, abrigo, sono e sexo (ok, nem todos).
Pense comigo: se alguém é capaz de ver uma maldade sendo feita e pensa que por isso a humanidade não presta, prova justamente o contrário.
Sim. Se você, como humano, consegue notar que há algo errado, então tem a chance de agir e ser parte da solução, e não do problema.
Para os escravocratas, havia os abolicionistas.
Para os nazistas, havia os que resistiam protegendo judeus, homossexuais e outros perseguidos.
Para cada Kaddafi, uma Madre Tereza.
Para cada Stálin, um Martin Luther King.
Somos, porém, a doença em dois momentos: quando, vendo o mal, não agimos contra ele, e quando consideramos que todos são iguais, porque não são.
Explico. Duas atitudes cômodas são perdoar toda a humanidade ou condenar toda ela. Em ambas as hipóteses abdicamos de pensar.
Há gente ruim, mas há gente boa. Condenar toda a raça humana por causa de alguns é injusto com quem é bom, assim como absolvê-la totalmente o é, porque trata da mesma forma criminosos e inocentes.
A tradição judaica, para quem esse drama não passou ao largo, fala dos Tzaddikim Nistarim, trinta e seis pessoas justas e humildes em cada geração que justificam a humanidade aos olhos de Deus. Anônimos até para si mesmos, desconhecem que são responsáveis pela preservação do mundo.
A própria ideia de bom e mau depende de alguém, um sujeito pensante que avalie a ação de outro sujeito. Resumindo: precisamos de gente.
A humanidade há muito deixou de ser um coletivo, como um rebanho, uma alcateia ou uma vara. Cada um é responsável por sua própria salvação - ou danação.
Se você está pronto para julgar e condenar toda a humanidade, por que não está pronto para julgar apenas a si mesmo como parte dela?
Então pare de dizer que os outros são o vírus e trate de curar a si.
Três contos sobre ofertar presentes podem nos dizer muito sobre o Natal.
Pensar o Natal como uma auditoria da nossa conduta no último ano e um ajuste de caminho para o ano vindouro o torna uma data sempre presente, e não um feriado no qual se come muito e se trocam presentes.