Audiência politicamente correta
O que aconteceria se o "politicamente correto" invadisse de vez os tribunais?
Em 15 de fevereiro de 23 DL (Depois do Lacre), presentes as partes autora e ré à audiência. Abertura dos trabalhos com a tentativa de conciliação.
Juiz: Então, a senhora está movendo o processo por qual motivo?
Autora: Essa pessoa heteronormativa me chamou de vagabundx!
Juiz: Desculpa. Eu não entendi. Ele chamou a senhora de vagabunda?
Autora: Não! De vagabundx!
Juiz: De vagabundo…?
Autora: Já disse que ele me chamou de vagabundx!!! VAGABUNDX!!!
Réu: E eu já me desculpei publicamente para com as manas que sofrem o preconceito dessa sociedade monogâmica e misógina!
Autora: Mas não comigo!
Réu: Seu juiz, eu so disse isso porque essa pessoa caucasiana de identidade não binária me chamou de filhx de putx!
Juiz: Filho…? Ou Filha…?
Réu: Nunca, jamais! Seria pior ainda identificar o gênero! Ela me chamou foi de filhx!
Juiz: Perdão, mas da puta ou do puto?
Réu: Mas eu estou falando que língua? Doutor, ela me chamou de F-I-L-H-X D-X P-U-T-X!!
Autora: Pois eu também já me desculpei nas redes sociais com todxs xs profissionais da indústria do prazer oprimidos pela sociedade patriarcal cisgênera e machista!
Réu: E eu não mereço desculpas?
Juiz: Pelo que entendi, não é possível a conciliação. Assistente, chame a primeira testemunha.
Assistente se levanta, sai e volta, sozinho:
- Excelência, a testemunha, que pediu pra ser chamada de testemunhiquis, testeminx, não sei ao certo, disse que, como “guerreiriquis” social não se sente confortável em intervir no conflito, já que a culpa é do estado, e pergunta se tudo bem escrever um post de empoderamento no facebook.
Juiz suspira fundo. Cai o pano (da História).
Generalizar nunca é bom, especialmente quando se trata de atacar um grupo de pessoas cujo trabalho é proteger e servir.
Em um país muito, muito distante, a lei não obedece à lógica.